top of page

Viagem ao mundo das drogas - Charles Duchaussois

  • Foto do escritor: E. Gonçalves
    E. Gonçalves
  • 8 de set. de 2024
  • 3 min de leitura



Terminei hoje, dia 01.10.2024, a leitura do livro "A Viagem ao Mundo das Drogas". Este relato retrata a vida em decadência de Charles Duchaussois devido ao consumo de drogas. Na obra, o autor narra os eventos que o levaram ao vício e como nos tornamos irracionais quando nos desviamos do nosso caminho. Decidi ler este livro porque estava a reler o meu livro favorito, "A Lua de Joana", onde essa história foi mencionada. A curiosidade me levou a explorá-la.


Sinceramente, estou dividida quanto ao que dizer sobre este livro. Por um lado, é interessante porque sentimos que estamos acompanhando a vida de alguém que chegou ao fundo do poço, como se tivéssemos comprado um bilhete VIP para um filme. O que mais gosto em livros assim é exatamente isso: a sensação de estar dentro da mente da pessoa, a ver a sua vida, sentindo seus dilemas e emoções, como se fosse um diário. Por outro, controverso, e não falo apenas sobre as drogas.


No início das experiências com drogas descritas no livro, senti uma certa curiosidade despertar em mim. Cresci num bairro onde os efeitos do haxixe e de outras drogas não são desconhecidos — não porque tenha experimentado, mas pelas histórias e observações das pessoas ao meu redor. Em vinte e seis anos de vida, nunca tive curiosidade em experimentar qualquer tipo de substância. Contudo, após ler algumas páginas, surgiu em mim uma vontade momentânea de experimentar — uma vontade que foi prontamente esmagada pela minha lógica. Durou menos de dez segundos, mas esteve presente.


O facto de o autor descrever a leveza e a despreocupação que sentia me fez questionar se seria uma boa ideia experimentar, pois algo em mim ansiava por essa sensação de esquecer as preocupações do mundo. No entanto, meu subconsciente, minha lógica, responderam rapidamente: "Uma vida destruída por um momento de prazer? Não, obrigada." Como alguém que lida com transtornos alimentares, sei bem o quão difícil é voltar a ser "normal". Por isso, não quero viver essa experiência com outra substância. Talvez seja uma comparação ridícula, mas é a minha.


Todos temos nossos vícios e rotinas das quais é difícil escapar. Seja com problemas alimentares, vício no trabalho, nos jogos, redes sociais, etc... — tudo tem origem no mesmo lugar: o nosso cérebro. Não estou a comparar o nível de perigo ou de vício, pois são incomparáveis. Contudo, só quem está consciente dos próprios hábitos menos saudáveis consegue evitar julgar aqueles que se perderam em caminhos tortuosos.


Ao longo da história, vemos as decisões que o autor toma, as linhas que ultrapassa sem consequências, o que lhe dá confiança para ir mais além. Inicialmente, parecia ter tudo sob controlo, até o momento em que perdeu essa capacidade. Mais próximo do fim,

percebemos que ele ainda deseja manter tudo sob controle, mesmo sabendo, no fundo, que já não o tem. A forma arrogante como decide onde e como quer morrer, porque perdeu toda a esperança de sobreviver, é reveladora. A droga afetou o seu raciocínio, mas o ego permaneceu intacto. Como é fascinante o ser humano! Por mais fundo que caia, o ego parece sempre estar lá para reerguê-lo. Não foi o "amigo" que o salvou, foi o seu ego.


Após escrever no meu blog sobre a ideia de que "após cruzar a linha, não há realmente volta atrás", algo curioso aconteceu. Ao voltar a ler o livro, notei que o autor menciona “um caminho onde não há volta a dar.” A consciência dele ainda não estava morta. Ela ainda existia e foi o que o salvou de morrer de overdose nas montanhas.


Este livro revela como é fácil retornar aos vícios quando a vida não corre como esperávamos, quando somos repetidamente postos à prova. Essas provas surgem porque falhamos nas tentativas anteriores, e esse ciclo de más decisões só termina quando decidimos romper com ele, quando escolhemos interromper o ciclo vicioso.


Mas o que realmente nos ajuda realmente a ultrapassar um hábito não-saudável? Família? Amizade? O amor dessas pessoas?


Sim.


Mas não de forma convencional. Não importante quantas pessoas nos amem, quantas amizades mantemos. Se o amor pela pessoa que vemos ao espelho todas as manhãs, não estiver presente, não há amor exterior que nos salve.

 

E.

 
 
 

Comentários


bottom of page