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Daqui fala o Sam

Foto do escritor: E. GonçalvesE. Gonçalves



“Daqui fala o Sam” de Dustin Thao é um romance que conta a história de Julie, uma adolescente que perde o namorado, Sam, num acidente. Devastada por esta perda, Julie tem dificuldade em superar o seu luto e, num momento de desespero, liga para o número de Sam, na esperança de ouvir uma última vez a sua voz na caixa de correio de voz. Para sua grande surpresa, Sam responde, mesmo do além. O romance explora esta ligação sobrenatural entre os dois, enquanto Julie continua a falar com ele através de chamadas telefónicas secretas. No entanto, estas conversas mágicas não podem durar para sempre, e Julie tem de aprender, finalmente, a dizer adeus e a seguir em frente.


A minha opinião


Este romance tocou-me pela sua abordagem sincera ao luto, um tema muitas vezes difícil de abordar. Antes de começar a ler este livro, tinha reparado em alguns comentários que classificavam Julie, a protagonista, como egoísta. Isso fez-me pensar sobre a forma como percebemos as reações à perda de alguém querido. A sociedade muitas vezes impõe-nos uma “maneira correta” de reagir à morte, esperada como digna e contida. Espera-se que sejamos capazes de superar rapidamente a nossa dor, ou que exprimamos a nossa tristeza de forma moderada: chorar, sim, mas sem exageros.


No entanto, esta história mostra que o luto é uma experiência única e profundamente pessoal. Cada um vive-o à sua maneira, e não há uma forma certa ou errada de reagir. Julie é frequentemente criticada, tanto por algumas personagens do livro como por alguns leitores, pela sua incapacidade de ultrapassar rapidamente a morte de Sam. Alguns acusam-na de não parecer sofrer o suficiente ou de se acomodar numa relação com alguém que já não está presente. Contudo, essas críticas ocultam uma verdade essencial: cada indivíduo gere as suas emoções de forma diferente, influenciado pelas suas experiências pessoais, relações e maneira de ver o mundo.


Este romance ensinou-me que, para superar a dor, por vezes é necessário afastar-se e vivê-la à sua maneira. Julie pode não agir da forma como os outros esperariam, mas é precisamente isso que torna o seu percurso autêntico e profundamente humano. O livro recorda-nos que o luto não segue regras, e que por vezes é necessário ser egoísta para realmente avançar.


Em conclusão, esta história emocionou-me bastante, pois mostra que o sofrimento é um caminho que se percorre sozinho, e que é importante respeitar o nosso próprio ritmo, mesmo que isso desvie das expectativas dos outros. É uma bela lição sobre a importância de nos ouvirmos para podermos curar.


EG.

 
 
 

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